O Bloco da Capoeira apresentou o tema Mestre Moa do Katendê, Todas as Áfricas e O Legado de Seu Dão / Foto: Fafá Araújo

Capoeira é resistência, memória e responsabilidade. A definição é do mestre, cantor e compositor Tonho Matéria, que sonhou um bloco que pudesse celebrar essa arte e colocar seus significados na rua durante o Carnaval. Deste sonho, já se passaram 12 anos e o Bloco da Capoeira fez sua passagem pelo Circuito Osmar, na noite desta quinta-feira, dia 28 de fevereiro. Grupos de capoeira das diferentes localidades, inclusive internacionais, se encontram nessa grande celebração, valorizando grandes mestres com música e ginga.  

O Campo Grande recebeu um desfile exuberante, onde o Bloco da Capoeira apresentou o tema Mestre Moa do Katendê, Todas as Áfricas e O Legado de Seu Dão, trazendo os membros vestidos com as cores do Pan-Africanismo e divididos em alas. O que o público pôde ver foram rodas contagiantes de capoeira, dança, figurinos cheios de cores e movimentos, além das alegorias que trouxeram brilho e foram construídas a partir de muito garimpo, reutilização de materiais e experimentação. “Foram tantas vezes que saímos para catar papelão, madeira, materiais descartados que misturamos com outros novos. Tudo para nesse desfile transformar o lixo em luxo”, declara mestre Tonho Matéria, fundador do bloco.


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O Bloco da Capoeira nasceu a partir da inspiração no precursor Gunga, grupo criado em 1999 por Mestre Moa do Katendê, Mestre Marrom, Mestre Mola, entre outros, sendo o primeiro grupo voltado para levar a capoeira para o Carnaval, com um pequeno carrinho e muita música. Tonho Matéria também resgatou a memória do seu pai, Seu Dão, falecido recentemente, um mercador das ruas de Salvador e o homenageou, relembrando os africanos escravizados na Bahia, que tiravam seu sustento vendendo nas ruas. 

Folião do bloco, o contramestre Veru viveu toda evolução da agremiação, que nos primeiros anos não tinha nem camisa, mas a intenção de unir os capoeiristas em sua diversidade e levar a arte para a rua. 

Desde infância, a jovem Cigarra, como foi batizada na capoeira, encantou-se pela arte e contrariou a família, que não via ali um lugar adequado para uma mulher. Hoje, estuda Educação Física e desde os 10 anos sai no bloco, que desenvolve uma série de atividades sociais em bairros como Pau Miúdo, Pernambués, Nova Brasília entre outros. 

E tem mais Ouro Negro

Na segunda-feira, dia 04 de março, às 17h45, o Circuito Batatinha receberá o Bloco da Capoeira, dessa vez desfilando com os pequenos capoeiristas, ou seja, crianças. 

Carnaval da Cultura – É o Carnaval dos blocos afro, de samba, de reggae e dos afoxés, apoiados por meio do Edital Ouro Negro para desfilar nos três principais circuitos da folia: Batatinha, Dodô e Osmar. É a folia animada, diversa e democrática do Carnaval do Pelô, que abraça o carnaval de rua, microtrios e nanotrios, além de promover nos palcos grandes encontros musicais e variados ritmos numa ampla programação. Tem Afro, Reggae, Arrocha, Axé, Antigos Carnavais, Samba, Hip-hop e Guitarra Baiana, além de Orquestras e Bailes Infantis. Promovido pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Cultura (SecultBA), o Carnaval da Cultura é da Bahia. O Mundo se Une Aqui!

Por Monica Santana
Fonte: Secult Bahia