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FEIRA EM HISTÓRIA - FLOR DO CARNAVAL, EM 1937 | Foto (arquivo): Adilson Simas |
Em razão
da micpareta que se avizinha, o artigo desta semana, publicado no jornal Folha
do Norte de fevereiro de 2002, fala sobre lembranças e imitações da festa
nesta cidade em tempos idos. O texto destaca figuras como Maneca Ferreira, Tuta
Reis, Aloisio Resende, Manuel de Emília, Estevam Moura, Álvaro Simões,
Alcides Fadigas e tantos outros que ajudaram, cada um no seu tempo, para que o
evento se transformasse na maior micareta do Brasil. Recordemos, pois. (Adilson
Simas)
CARNAVAIS: LEMBRANÇAS E IMITAÇÕES
Os
festejos carnavalescos desta cidade nunca mostraram qualquer originalidade,
salvo em algum detalhe, que se perdeu no tempo sem deixar marca.
Essa ausência de autênticas novidades nas festivas manifestações populares
talvez seja decorrente, em parte, da pobreza de população, que sempre viveu
agarrada a ganhos, ainda que pequenos, evitando gastos extraordinários e
farturas desnecessárias, de que teria resultado tendência para o prático,
barato e simples, que só recentemente, com o crescimento dos negócios, pode
tomar outros rumos.
Na
Micareta, como no mais das coisas, imitamos tudo. Cordões (o das “Melindrosas”,
de Manoel de Emília e das “Garotas em Folia”, de Romário Braga, eram os mais
famosos) como o dos “Duvidosos”, de Alcides Fadigas, da Rua da Aurora, e
batucadas, como a criada pelo maestro Estevão Moura (foto), “Os Cadetes do
Amor”, não passavam de cópias do que se fazia em Salvador, que não deixava de
imitar o que ocorria em outras praças famosas como o Rio de
Janeiro e o Recife.
Nos
primórdios da Micareta, afamadas festas carnavalescas da capital do Estado
tomava a imaginação da juventude local pelas maravilhas que delas eram
narradas. Glória eterna frequentar os bailes da Associação Atlética ou do
Bahiano de Tênis. E criamos os nossos.
O mais
concorrido, o da “25 de março” no sobrado, que ainda existe, da centenária
sociedade, na Rua Conselheiro Franco, era desejo de muitos. O salão de
festas, no andar superior, embora exíguo, mostrava-se suficiente e
deslumbrante.
Os
bailes, sob o comando do maestro Tuta Reis (foto), chegou a atrair gente de
toda parte e reunir multidão, à porta, somente para ver as personalidades que
ali chegavam, mas, principalmente, para se embasbacar com a roupa das mulheres.
Muitos ficavam no sereno, noite adentro, quando o cheiro do lança perfume
“Rodhouro” (não o veneno que se vende hoje), usado quase sempre para atrair a
atenção das senhoritas, tomava toda a rua.
Havia
outros bailes, menores, como o da “Sociedade Vitória”, também na Rua
Conselheiro Franco, o da “Euterpe”, em velho prédio (hoje reformado) da Praça
João Pedreira e o das “Melindrosas”, na Rua do ABC, visto, pelas mães de
família, como coisa diabólica, o mais curto caminho para o Inferno.
Os
desfiles de carros alegóricos da “Flor do Carnaval” e dos “Amantes do Sol”,
alguns surgidos da genialidade de Manoel da Costa Ferreira, seguiram o modelo
do Rio de Janeiro e de Salvador. Na capital do Estado brilhavam o “Clube dos
Fantoches da Euterpe” e o “Cruz Vermelha”. Este chegou a exibir seus carros,
nesta cidade, no desfile dos “Amantes do Sol”, de que era presidente o Coronel
Álvaro Simões Ferreira e adepto fervoroso o poeta Aloísio Resende (foto),
despertando críticas da facção adversária, que dizia que os adereços do “Cruz
Vermelha” aqui chegavam mijados, amassados e vomitados.
Ultimamente,
quando resolvemos adotar a monoatração carnavalesca do trio-elétrico,
poderíamos imitar outros centros criando espaço onde as manifestações
carnavalescas se possam desenvolver sem entraves, embaraços e prejuízos para a
comunidade. Necessária e urgente providência.
Fonte:
Secom (PMFS)
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