Ilustração - “Cordel 1” da artista Marcela Nohama. Disponível aqui



Mote e Glosa – Nivaldo CruzCredo


Não venha para cá
Com poesia qualquer
Sem ter rima se quer
E sem nem metrificar,
Vá para outro lugar
Não faça feio papel
Não faça disso bordel
Nem traga dissabor,
Seu moço, por favor,
Respeite o Cordel.

Não escreva dois versos
E se ache cordelista,
Conheça mais esse artista
Leia bem seus impressos,
Reconheça seus reversos
Para ser bom menestrel,
Não seja um ‘incrél’
Desses ‘aproveitador’,
Seu moço, por favor,
Respeite o Cordel.


Quer entrar na profissão,
Procure se capacitar,
Aprenda a metrificar,
Conheça rima e oração,
O resto é do coração,
Só depois use esse anel
De poeta do papel,
Cordelista ou trovador,
Seu moço, por favor,
Respeite o Cordel.

Eu não sou cordelista
Nem me arvoro ser,
Pois sei bem compreender
O valor desse artista
E no meu ponto de vista,
Não pego nesse pincel,
A falta de dom é cruel,
Sou reconhecedor,
Seu moço, por favor,
Respeite o Cordel.

Antes da reclamação,
O meu dom é escrevinhar
E com o verso brincar,
Não tem aporrinhação
Nem mesmo reclamação,
Esse é o meu papel
Bebo mesmo desse mel
Por isso falo sem pudor
Seu moço, por favor,
Respeite o Cordel.