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Vou assim... Desenhando nas nuvens 
As formas de te ver no meu céu 
Traço carruagens 
Pontes, estradas... Um laço... Um nó 
Que vão se desmanchando, 
E pouco a pouco me deixam só... 
Com o céu limpo sem nuvens, sol, estrelas ou lua... 
Só o espaço vazio, 
A pele nua... 
Um coração arredio, 
A boca seca e na garganta um nó, 
Pois tu acendeste em mim o pavio 
D'um fogo que de mim toma conta... 
Enquanto que você nem se dá conta 
De que já sou tua. 
O querer é assim... 
É muda que no peito brota 
E quanto mais cresce mais nos torna muda 
Pois meu amor é flor murcha 
Se acaso tu não nota, 
Que cada nota do meu cantar 
É teu nome que denota 
O rimo e "desrimo" de meu ritmar... 
Meu coração é feito canteiro 
Que canta para o mundo inteiro 
Como é triste o meu amar... 
Pois sem você minha flor 
Tudo é tão pálido, incolor... 
Só existe espaços vazios e despudor. 
Sigo criando caminhos para encontrar você 
E em meus braços não ter mais espaços, 
Enfim ter você... 
E meu corpo livre sem arreios 
No teu corpo entrelaçar 
Tal quais as raízes do tempo 
Que nem por um momento 
Fazem-me em ti não pensar. 
Ilma Rodrigues Andrade 
Fonte: Academia Nacional de Poesia  | 

 
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