Marcos Monteiro
Fui recebido na rodoviária pelos poetas populares.
Não sei que horas chegaram
Talvez não hora da ceia
Quando a classe proletária
Por não ter a luminária
Acende a pobre candeia
Segui descascando quatorze anos de memória dessa cidade em que a gente trata a história por tu.
O sol me esperava para se pôr na Praça da Matriz.
De dia a praça é do povo como o céu é do condor.
De noite é do medo e das almas penadas.
Lucas da Feira que te quero Feira ocupa as sombras e defende o seu povo dos doutores e dos cidadãos armados.
Feira que te quero Feira é o meu corpo.
Converso com os moradores de rua para aprender a viver e a contar histórias.
Cruzo com várias notas de rodapé e futuros nomes de rua, e almoço um pirão de carneiro e uma Heineken com meu filho.
Feira que te quero Feira, com um telescópio para perscrutar o céu.
Volto para a rodoviária e os poetas se despedem.
Os lábios da índia eram
Duas romãs partidas
Sorriso que ilumina e a amar nos convida
Percorri todos os cantos da rodoviária e comprei minha passagem no guichê.
Feira que te quero Feira.
Maceió, 28 de julho de 2025.
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