Mote – Nivaldo CruzCredo/Romildo Alves

Glosa – Nivaldo CruzCredo

 

Não invejo sua praia

Sou averso a litoral,

Prefiro o meu quintal

Nele a gente se ‘espaia’,

A natureza faz ‘gandaia’

Bem do jeito q’ela quer,

Ela aqui tem seu mister

Em cada palmo de chão,

Metade d’eu é sertão

E a outra, de sertão é.

 

Não tô aqui falando mal,

Tem quem goste da beirada,

Tem seu valor a danada,

O mar é fenomenal,

Tudo é bem do divinal,

Respeito mesmo quem quer

Viver perto da maré,

Mas tenho outra opção,

Metade d’eu é sertão

E a outra, de sertão é.

 

Não me sinto a vontade

Com o calor diferente,

Prefiro o calor da gente

Sem aquela umidade,

Cheia de “salinidade”

Pegajosa da maré,

Por isso eu digo seu Zé,

Que na minha opinião,

Metade d’eu é sertão

E a outra, de sertão é.

 

Aquele mundão de gente

Fazendo aquela anarquia,

Pense numa agonia,

Que deixa a cabeça quente,

Eu fico gritando – Oxente!

E reclamando com a “mulé”.

Goste disso quem quiser,

Sou tabaréu, não mudo não,

Metade d’eu é sertão

E a outra, de sertão é.

 

Ilustração - “UMBUZEIRÃO” Tela do Mestre Antonio Carneiro(AKarneiro). Disponível em:https://www.facebook.com/antonio.carneiro.9619