Ilustração – Tela “ Vidas Secas” 
Belo trabalho do Mestre Antonio Carneiro. Disponível aqui


Por Nivaldo CruzCredo

O Sertão pra mim é o belo
Cada planta da caatinga
Cada curva na moringa
Uma choupana é um castelo
Tudo isso é mesmo um elo
Da beleza nordestina
Ela que tanto me fascina,
Cada bicho existente,
Minha cultura, minha gente,
Tudo é obra bem divina.

Cada flor e cada espinho,
Da formiga até a serpente,
Do orvalho ao sol poente,
Cada légua de caminho,
Do silêncio tão sozinho,
De uma bela trovoada,
Da terra toda molhada,
Tudo é revigorante,
Energiza no instante
Que se avista na chegada.

E foi nesse bom sertão,
Por Deus abençoado
Que nasci e fui forjado,
Eu sou cria desse chão,
Sem temer a nenhum não
Vou buscando pelo sim,
Sou sertanejo e assim
Não desisto por besteira,
Que é verdade e verdadeira,
Tenho Deus dentro de mim.

O cabo da enxada
Já me fez calo na mão,
Já estrepei o dedão
Em pedra na estrada,
Já dei escorregada
Pulando lá no lajedo,
Já tive muito medo
Dos causo de “visage”,
Já corri pela “pastage”
Gritando meu segredo.

Já acordei ‘de manhãzinha’
Ouvindo a ‘Fogo Pagô’,
Já virei foi o ‘estopô’
Com fofoca de gentinha,
Comi ovo de galinha
Criada lá nos ‘mato’!
Já tirei muito retrato
Três por quatro em lambe-lambe,
Onde o papel a gente lambe
Parecendo até com gato.

Por isso nessa vida,
Só tenho que agradecer,
Não foi por merecer,
Ela ser tão bem vivida,
Não penso em despedida,
Mas se acaso ela chegar,
Eu vou lhe confessar,
Pego ela pela mão,
Pois eu tenho a sensação,
De ser lá um bom lugar!