“O Bando Anunciador só veio em 1860. Era um grupo de pessoas que saía
bem cedo pelas ruas do centro da cidade (assim como hoje), anunciando o início
da Festa de Sant’Anna. A diferença é que isso acontecia com dois meses de
antecedência, e não uma semana (como hoje). Nesse primeiro momento, o bando era
composto por homens. As mulheres rezavam, ornamentavam a Igreja, promoviam o
evento e encaminhavam as novas gerações para as práticas católicas. Aos
escravos cabiam as atividades braçais do festejo, como a lavagem da Igreja.
Ao longo das décadas, o Bando foi mudando seus contornos.
Em 1930, já com 70 anos de rua, ele já se dividia em vários bandos
dentro do Bando Anunciador e ocorria (como hoje) uma semana antes da procissão
de Santana. O cortejo era o momento mais disputado da Festa. As “mulheres de
família” já participavam. E com gosto: em automóveis ornamentados com temas
específicos, lá estavam elas, fantasiadas e dançando ao ritmo de samba e
orquestra, distribuindo poesias e folhetos com a programação da Festa de
Santana.
Mesmo com a sociedade fortemente patriarcal, as mulheres conseguiram
minimizar a barreira de gênero e dividir com os homens esse momento dos
festejos. As pessoas menos abastadas só poderiam participar do Bando se
estivessem adequadas ao padrão do desfile: com luxo e pompa. “É o poder, é o
poder, é o poder da ostentação”. Brincadeiras à parte, rs, a hierarquia social
seguia com força.”
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