Por quais terras venerandas
Caminha a tua Cruz de Malta?
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O mundo, de ora e avante,
Cavalga, mas sem destino.
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Sem teu bravo Rocinante
Sem teu prumo, sem teu tino.
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Desleais, os escudeiros
Já não lembram Sancho Pança
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Sem nem mais, são os primeiros
A cravar-nos a sua lança.
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Os reinos da redondeza
Já não têm honra nem brio
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São muralhas de avareza
Em busca do ouro vadio
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O povo já não mais sente
Esperança ao coração
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Já não é mais inocente
Ferve de usura e ambição.
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Que falta faz tua bravura
Nos tempos de agora e então
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Hoje a máxima loucura
É o que chamam Sã Razão
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É a busca desenfreada
Pelo metal passageiro
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Deixando a alma pesada
e suja como um poleiro
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Moinhos eram Dragões
Em tua jornada e contenda
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Hoje, os monstros, aos milhões
Fazem, do mundo, uma Moenda
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Trituram toda bondade
Todo encanto, todo amor
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Já sem sonho, a Realidade
Hoje, é um conto de horror
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Devolve tua Chama ao Mundo:
Eu quero vê-lo aquecer
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Que, à Luz do Ideal Profundo,
Eu o espero enlouquecer!
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Thiago El-Chami