“I
put a spell on you/ Because you’re mine”. São os versos iniciais de “I Put a Spell on
You”, canção composta e gravada por Screamin’ Jay Hawkins na década de 1950. Surgiram
muitas versões dela desde então, com artistas como Nina Simone, Creedence
Clearwater Revival, Bryan Ferry e até Marilyn Manson registrando interpretações
das mais variadas que se possa imaginar. Intérpretes atraídos, provavelmente, pela
situação do eu possessivo que admite ir além dos limites racionais para manter
consigo a pessoa amada.
Quem escuta “Voodoo”, o novo single do Clube de
Patifes, pode achar que os feirenses se inspiraram neste clássico da música
popular. A letra também fala sobre utilizar a magia a fim de obter a devoção de
um certo alguém: “Vou espetar essa boneca/ Pra fazer o meu feitiço/ Vou espetar
essa boneca/ Vou te fazer um voodoo// Não sairás mais de perto de mim/ Não me
deixarás descansar nunca mais”.
As semelhanças, entretanto, param por aí. “Voodoo” é uma canção semi-acústica com um adendo discreto de metais no refrão, feita de uma maneira que impede o ganho de contornos dramáticos. Mostra o Clube de Patifes soando o mais pop possível nos caminhos pelos quais o blues-rock se estende, alcançando um estágio em que consegue cativar sem estar curvado a fórmulas insossas da indústria musical. Nunca a banda esteve tão madura, apesar de sempre ter se preocupado com a qualidade de suas gravações.
Divulgado como uma prévia, o single fará parte do álbum Casa de Marimbondo, a ser lançado ainda em 2015. Se seguir a linha dos dois últimos lançamentos, o Acústico (2013) e o EP Radiola (2014), será um trabalho daqueles que permanecem com o ouvinte por muito tempo.
Texto de Ana Clara Teixeira
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