O poeta, escritor, e artista plástico Luciano dos Anjos, lamenta recolhimento do seu trabalho que foi exposto no último sábado (05/09), na avenida Getúlio Vargas, em parceria com o artista plástico Dan Souza (veja), e deixa um texto com esclarecimentos ao povo feirense que aprecia e respeita a arte, tanto quanto o trabalho dos artistas.

“Final de tarde de quarta-feira, marquei com uns amigos para mostrar a exposição que estava fazendo na Getúlio Vargas e, quando cheguei lá para falar das obras de arte aos amigos  tive a triste constatação que um carro da Secretaria de Serviços Públicos havia recolhido as obras.

No dia seguinte fui à secretaria para recuperar as obras e o responsável pela secretaria disse-me que mandou as obras para serem destruídas no lixão, e ainda tratou-me muito mal.

Fiz a exposição com intuito de levar as artes plásticas as todas as camadas da sociedade, visto que, nossos museus e galerias só abrem dias de semana em horário comercial, deixando de lado a grande classe trabalhadora que só tem os finais de semana para o lazer.

Passei dois meses recolhendo madeiras e portas de guarda roupas e pintando as telas para expor ao povo feirense e em poucos minutos ele destruíram as obras.
Uma cidade que derrubas seus casarões centenários, derruba suas arvores e destroem obras de arte nunca será uma cidade evoluída.

Enquanto constroem viadutos destroem nossa memória e cada dia que passa somos uma cidade sem identidade e sem alma a mercê de um bando que só quer construir obras em busca de votos.” – Luciano dos Anjos.

Na rede social facebook várias pessoas se solidarizaram com o artista, vamos destacar aqui o relato do artista plástico Gabriel Ferreira.

“Gabriel Ferreira
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A exposição "Em Busca da Identidade" do artista visual Luciano Dosanjos é um presente para a cidade e não um "caro penduricalho cheio de pontas" no canteiro central da famigerada Avenida Getúlio Vargas. Dentro da humildade e humanidade do artista, que teve suas obras apreendidas pela gestão pública municipal de Feira de Santana-BA, há uma busca saudável por uma identidade que ele já tem (e com certeza sabe disso), mas faz questão de compartilhar gratuitamente com o povo. Vi a mostra e percebi uma provocação que estava além de um artigo pessoal, estava a discussão com a busca frenética de uma sociedade que não sabe o que procura e não entende o que encontra. Foi uma gentileza de Dosanjos dispor sua obra em dialogo com o vai-e-vem de pessoas, carros e energias pulverulentas; foi de extrema cordialidade interagir com a natureza de árvores ameaçadas, para mostrar que há mais seres vivos do que pensa a vã artificialidade dos cegos do castelo. Desejo que algum esclarecimento (se não plausível, engraçado) seja dado, não só ao autor da obra, mas a uma comunidade que se vê carente de sensibilidade em um ambiente tão mutante e tão ambulante! Luciano, você tem meu apoio e a minha admiração! Um axé!”

O poder público tem espaço aberto aqui para justificar tal fato, é só enviar o texto por e-mail para terradelucas@hotmail.com e publicaremos o que nos chegar na integra.