Primeiramente, perdão pela demora na publicação desta coluna! Originalmente, ela sairia do final de janeiro para o fim de fevereiro, o que não ocorreu por problemas (digamos!) técnicos. Enfim, antes tarde do que nunca, concordam?
Seguindo a mesma trilha da minha postagem anterior (aqui), mencionarei sete álbuns (sim, sempre o “sete”) internacionais que eu ouvi e gostei em 2014. Mais uma vez, vale mencionar: a lista não segue uma ordem crescente (ou decrescente) de preferência; a escolha dos álbuns foi baseada em critérios pessoais e no que eu ouvi (certamente não consegui ouvir tudo o que eu gostaria de ter ouvido); antes que se questione: alguns lançamentos de grandes bandas, como o Songs of Innocence – do U2 – não entraram na seleção por terem sido considerados álbuns bem abaixo da média. O referido lançamento, por exemplo, é um álbum bem irregular e abaixo da média até mesmo de lançamentos mais recentes do quarteto irlandês.
Enfim, segue a minha singela seleção. Desde já, críticas e sugestões são muito bem-vindas, ok! Lá vai:



1. Foo Fighters – Sonic Highways: Poucos grupos da safra mais contemporânea do rock conseguiram melhorar tanto com o passar dos anos. Dave Grohl é um músico talentosíssimo, a ponto de ter conseguido exorcizar o fantasma do Nirvana (uma banda que marcou época) da sua carreira – onde era baterista – e ter conseguido construir outra carreira de sucesso tocando guitarra e cantando (bem, por sinal!). Isso sem falar de seu inúmeros projetos paralelos e colaborações em outras bandas. Um álbum coeso, harmônico, pesado e melódico na medida certa. Enfim, mais um grande lançamento de uma banda cada vez maior e melhor!


2. Annie Lennox – Nostalgia: Uma das mais belas vozes da música pop em todos os tempos se supera mais uma vez, pondo seus atributos vocais a canções imortais do jazz e do blues. Um álbum sofisticado, com arranjos virtuosos e harmônicos ao mesmo tempo: uma “massagem” nos ouvidos, temperada pelo vozeirão maravilhoso da diva escocesa. Infelizmente, o link contendo o álbum na íntegra, mas segue abaixo os links de dois dos clássicos contidos nessa preciosidade: I Put A Spell On You (imortalizadas por Screamin’ Jay Hawkins e por Nina Simone) e Georgia On My Mind (imortalizada pelo eterno Ray Charles), respectivamente.


 
3. Johnny Marr - Playland: O “sempre” guitarrista do The Smiths – um grupo que continua a influenciar gerações, mesmo passados 28 anos de extinto – demorou muito para se lançar na carreira solo. Mas, finalmente, em 2013 lançou o The Messenger – um dos melhores discos daquele ano. E eis que no ano seguinte ele ressurge ainda melhor. Os riffs marcantes “a la The Smiths” ainda se fazem presentes, mas com uma roupagem moderna e eclética. Um grande álbum de um músico tão talentoso quanto inquieto (graças à Deus!). Segue abaixo, os links de duas das melhores faixas do álbum.




 

4. Jack White – Lazaretto: Esse cara é, simplesmente, uma das melhores “coisas” a terem surgido no rock do final dos anos 90 para cá! Se no The White Stripes o cara já era bom – se sobressaindo sempre à sua companheira no duo, a baterista (bem mediana, por sinal, Meg White – depois que resolveu voar sozinho, ficou ainda melhor (e põe melhor nisso). Nesse ótimo álbum, ele explora todas as suas influências musicais: tem rock clássico, blues, country, jazz, psicodelia e muito experimentalismo sonoro. Resultado: um álbum maravilhosamente bem produzido e melhor executado ainda. Segue abaixo o link dessa preciosidade na íntegra, e o melhor: em vinil!


 

5. Pink Floyd – The Endless River: Esse álbum, segundo David Gilmour e Nick Mason, consiste em “Lados B” do The Division Bell (de 1994) e é dedicado à memória de Rick Wright, tecladista do grupo falecido em 2008. Apesar do clima nostálgico, trata-se de um álbum de música ambiente e instrumental, onde apenas a última faixa – Louder Than Words – possui vocais, com letra composta por Polly Samson (esposa de David Gilmour). Vale como um “canto de cisne” digno de uma das bandas mais influentes de todos os tempos.   




6. AC/DC – Rock or Bust: Uma das bandas mais aclamadas e mais reclusas do rock, o AC/DC retorna aos estúdios após sete anos de lançamento de seu último álbum até então, o bom e subestimado Black Ice (2008). No Rock or Bust, desfalcados do guitarrista e líder Malcolm Young (em tratamento médico) e do baterista Phil Rudd (“enrolado” com a justiça), eles seguem o “feijão com arroz”: um rock n’ roll básico, com elementos do blues, sem firulas e “direto ao ponto”. Certamente não está à altura de seus grandes momentos, como o Highway to Hell (1979) e o Back in Black (1980), mas também não compromete a sua extensa discografia. Nos links abaixo, dois bons momentos do álbum.




 

7. Slash (Ft. Myles Kennedy & The Conspirators) – World on Fire: Slash, ao contrário do ostracismo e da mediocridade musical que toma conta de sua ex-banda Guns n’ Roses (leia-se, atualmente, “Axl Rose & Banda”), tem lançado ótimos álbuns desde 1996, ano em que deixou a referida banda. No World on Fire, em parceria com o bom vocalista Myles Kennedy (cujo único defeito é integrar o intragável Alter Bridge) e o afinadíssimo grupo The Conspirators, ele segue uma receita simples: um hard rock pesado, certeiro e sem firulas. E a magia da guitarra de Slash continua a mesma.     


 Henrique Magalhães
Biólogo, professor, pesquisador e colecionador de discos de vinil