A cada início de um ano novo, sempre
costumamos fazer o mesmíssimo exercício (quase que um ritual): pensar no que
valeu a pena – e no que não valeu – no ano que passou! Na indústria fonográfica
não costuma ser diferente. Então, como em qualquer ano, 2014 deixou bons
lançamentos musicais (alguns excelentes, diga-se de passagem), outros nem
tanto, e outros cuja inexistência não faria a menor falta.
Para começar, vou mencionar sete álbuns (sim,
mais uma vez o “sete”: meu número “cabalístico”) “brazucas” que eu ouvi em 2014,
e gostei. Vale mencionar o seguinte: a lista abaixo não segue uma ordem
crescente (ou decrescente) de preferência; a escolha dos álbuns foi baseado em
critérios pessoais e no que eu ouvi (certamente não consegui ouvir tudo o que
eu gostaria de ter ouvido); antes que se questione: a tal Banda Malta
(vencedora do “tal” SuperStar) e a outra tal Banda do Mar (aquela mesmo dos
chatíssimos Marcelo Camelo e da Mallu Magalhães), duas das coisas mais insuportavelmente
chatas (a redundância é proposital) a surgir na música brasileira nos últimos tempos,
não estará na lista – nem jamais estaria (pelo menos não em uma lista elaborada
por mim).
2. Silva
– Vista Pro Mar: O cantor e multi-instrumentista capixaba
Lúcio Silva de Souza ou, simplesmente, Silva, foi um dos artistas revelação da
nova música brasileira no ano de 2012 com o lançamento de seu ótimo álbum de
estreia Claridão, onde a música
eletrônica, a musicalidade pop oitentista e sonoridades acústicas se mituravam
sem receio. Nesse novo lançamento ele ousa ainda mais e, consequentemente,
ficou ainda melhor.
3. Skank – Velocia: A receita desse já
veterano grupo mineiro é simples: produzir músicas alto-astral, sem firulas,
com sonoridade pop e acessível. A diferença é que as canções deles, embora com
apelo comercial, são bem elaboradas e arranjadas, ao contrário de seus
conterrâneos do Jota Quest (que têm lançado um álbum pior do que o outro).
Nesse Velocia, eles confirmam a
escala crescente de seus mais recentes lançamentos para cá.
4. Criolo – Convoque Seu Buda: O rapper paulistano Kleber Cavalcante Gomes (sim, esse é seu nome de batismo) têm se destacado dentro da cena recente do rap e da música brasileira em geral com dois ótimos lançamentos de estreia (Ainda Há Tempo, 2006; e Nó na Orelha, 2011) e parcerias inusitadas (incluindo Chico Buarque e Caetano Veloso). Nesse lançamento ele confirma seu talento, com um rap com incursões “emepebísticas” e letras muito bem elaboradas e engajadas.
5. Gilberto’s Samba – Gilberto Gil: Vez ou outra, ao longo de sua longuíssima carreira, Gil revisita em forma de canções algumas de suas influências musicais. Foi assim com Luíz Gonzaga e com Bob Marley, em dois álbuns sensacionais: o São João Vivo!, de 2001; e o Kaya N’Gan Daya, de 2002. Nesse lançamento, ele revisita a obra de João Gilberto (outro ídolo confesso seu) de maneira intimista e reverente: um deleite!
6. Russo Passapusso – Paraíso da Miragem: Esse camarada, oriundo de minha (e nossa) queridíssima Feira de Santana, é, para muitos, a grande revelação da música baiana de 2014, graças a esse ótimo álbum que marca sua estreia em carreira solo. Destacado no bom grupo Baiana System, ele já integrou vários outros projetos experimentais ao longo de seus 10 anos de carreira musical. Em Paraíso da Miragem, ele revisita e reinventa as suas origens e influências, misturando dub, reggae, samba, afoxé, música eletrônica e “o que vier pela frente”. Trata-se de um álbum belíssimo e ao mesmo tempo desconcertante.
7.
Suricato – Sol-Te: Esse bom grupo carioca era, sem sombra de
dúvida, a melhor banda a ter passado pelo Programa SuperStar, ao lado do Jamz.
Mas é aquela velha história: quem vence não é o melhor e sim quem o público (em
sua grande maioria, de gosto pra lá de duvidoso) escolhe. Não deu outra: venceu
o chatíssimo grupo “poser” Malta, com suas canções xaropadas e cafonérrimas. O
lado experimental revelado no referido programa (onde versões inusitadas de
canções do Beatles e do Led Zeppelin chamaram atenção) ainda pode ser conferido
no Sol-Te, porém aqui imperam canções
com elementos acústicos, mais puxados para o folk, o que não necessariamente
tira o mérito do trabalho. Trata-se de um álbum suave, com belas canções e
arranjos bem articulados por músicos talentosíssimos!
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