Serão avaliados o
Maracatu Nação, o Cavalo Marinho, o Maracatu Rural e o sítio histórico Tava
Miri São Miguel Arcanjo
Está
aberto o prazo para que a sociedade civil se manifeste sobre as propostas de
registros do Maracatu Nação; da brincadeira popular Cavalo Marinho; do folguedo
Maracatu Rural; e do sítio histórico Tava Miri São Miguel Arcanjo.
O
registro concede o reconhecimento do bem cultural como Patrimônio Cultural Brasileiro,
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Após o envio das manifestações, as propostas são analisadas por
um Conselho Consultivo. Uma vez que essas expressões têm o registro concedido
são reconhecidas, formalmente, como parte do patrimônio brasileiro. Isso
garante legitimidade e torna as políticas públicas mais acessíveis às
comunidades e praticantes do bem.
Maracatu Nação
O
pedido de inserção deste festejo foi apresentado pela Secretaria de Cultura do
Governo do Estado de Pernambuco. O Maracatu Nação, também conhecido como
Maracatu de Baque Virado, é uma forma de expressão que conjuga um conjunto
musical percussivo a um cortejo real, que sai às ruas para desfiles e
apresentações no período carnavalesco.
O cortejo é composto por um conjunto de personagens que
acompanham a corte real, ou seja, o séquito do rei e da rainha do Maracatu
Nação e outras figuras como as baianas, os orixás, as calungas – bonecas negras
confeccionadas com madeira ou pano e consideradas ícone dos maracatus nação – e
outras que representam a realeza do maracatu.
Esses
grupos pertencem às comunidades que estão situadas, em sua grande maioria, nos
bairros periféricos da Região Metropolitana de Recife, no estado do Pernambuco.
O
maracatu nação é entendido como uma forma de expressão que congrega relações
comunitárias, compartilhamento de práticas, memórias e fortes vínculos com o
sagrado, evidenciadas por meio da relação desses grupos com os xangôs
(denominação da religião dos orixás em Pernambuco) e jurema sagrada
(denominação da religião de características afro-ameríndias).
O valor patrimonial do Maracatu Nação reside na sua capacidade
de comunicar elementos da cultura brasileira e carregar elementos essenciais
para a memória, a identidade e a formação da população afro-brasileira.
Cavalo Marinho
O
pedido de inserção deste bem no Livro de Registro das Formas de Expressão foi
solicitado pela Secretaria de Cultura do Governo do Estado de Pernambuco.
Identificaram-se aspectos relevantes para a instrução do processo do Cavalo
Marinho, que se constitui como uma brincadeira popular que envolve performances
dramáticas, musicais e coreográficas.
Ela é
realizada durante o ciclo natalino e seus brincadores são, em geral,
trabalhadores da zona rural, mas também ecoa na região metropolitana de Recife
e de João Pessoa, além de vários outros territórios do País. No passado, era
realizada nos engenhos de cana-de-açúcar.
O
conhecimento do Cavalo Marinho é repassado de forma oral e pode ser entendido
como um grande teatro popular, no qual são representadas as cenas do cotidiano
e do mundo do trabalho rural por meio de: variado repertório musical, poesia,
rituais, danças, linguagem corporal, personagens mascarados e bichos, como o
boi e o cavalo (que dá nome à brincadeira).
Nesta manifestação, encontram-se diversos elementos
artístico-culturais e sócio-históricos, como, por exemplo, a presença de
mestres e de personagens e os elementos da vivência do trabalho rural. No
Cavalo Marinho, constroem-se constantemente novas identidades em cima da
tradição.
Maracatu Rural
O
processo para o reconhecimento do Maracatu Rural foi apresentado pela
Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco, com o termo de anuência assinado
pelos representantes das comunidades produtoras do bem cultural.
O
Maracatu Rural ou Maracatu de Baque Solto é reconhecido como um folguedo que
ocorre durante as comemorações do Carnaval e da Páscoa. É composto por dança,
música, poesia e está associado ao ciclo canavieiro da Zona da Mata Norte de
Pernambuco.
A
herança imaterial deste bem é legada aos contemporâneos por meio de gestos,
performances e indumentárias e, ainda, é o resultado da fusão de manifestações
populares – cambindas, bumba- meu-boi e cavalo marinho, coroação dos reis
negros.
O aspecto ritualístico perpassa o folguedo durante todo o ano,
em que se dão os ensaios ou sambadas, e também durante as apresentações nos
períodos carnavalesco e pascoal. A pesquisa sugeriu a alteração do nome do bem
para Maracatu Baque Solto.
Tava Miri São Miguel Arcanjo
A
proposta de registro da Tava Miri São Miguel Arcanjo como lugar de importância
e referência cultural para o povo Guarani foi apresentada pelos representantes
das comunidades M'Byá Guarani, com apoio da Superintendência do Iphan no estado
do Rio Grande do Sul.
A Tava
enquanto patrimônio cultural converge significados e sentidos atribuídos pelo
povo indígena Guarani- Mbyá ao sítio histórico que abriga os remanescentes da
antiga Redução Jesuítico-Guarani de São Miguel Arcanjo, localizado no município
de São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul.
O sítio
histórico foi constituído como patrimônio cultural pelo Iphan, em 1938, e
declarado patrimônio da humanidade, pela Unesco, em 1983. Para os Guarani-Mbyá,
a Tava é reconhecida como local onde viveram os antepassados desta comunidade
indígena.
Além
disso, é considerada um lugar de referência por ser um espaço vivo que articula
concepções relativas ao bem-viver, integra narrativas sobre a trajetória deste
povo e é diariamente vivenciada como lugar de atividades diversas e de
aprendizado para os jovens.
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