Um problema das grandes cidades

 Um grupo formado por pessoas com diferentes realidades, mas que têm em comum a condição de pobreza, utiliza a rua como espaço de moradia e sustento. Exemplo disso é Feira de Santana, que abriga em suas ruas uma quantidade de pessoas ainda não definida pela Prefeitura. Segundo o secretário de Desenvolvimento Social, Ildes Ferreira, será feito um censo de quantos moradores de rua existem na cidade.

A população que mora na rua é um dos reflexos da exclusão social que compreende um número de pessoas atingidas pelas desigualdades sociais. Algumas obras sociais voltam-se para essas pessoas. O Abrigo Casa de Passagem, localizado em Feira de Santana, atende moradores de rua há três meses. O professor Eliab Barbosa (foto), um dos responsáveis pelo abrigo, explica que “a prefeitura não se envolve. São feitas doações. E como tem só seis meses, ainda estamos criando condições de desenvolver um trabalho educacional, que promova inclusão. Por enquanto eles dormem aqui, tomam banho, fazem refeições. Tem dia que atendemos 25 pessoas. E levamos ao médico. Só não atendemos crianças e adolescentes, apenas adultos”.


O abrigo possui dormitórios separados, feminino e masculino. O professor explica que os envolvidos com a obra vão às ruas identificar esses moradores, mas que os primeiros indivíduos que passaram a utilizar o abrigo começaram a avisar outros, que procuram o abrigo por vontade própria. A maioria faz algum tipo de trabalho durante o dia nas ruas. “Infelizmente não temos total controle, alguns que já passaram por aqui, estão hoje presos, e muitos deles não querem mais contato com a família”, concluiu Eliab.

A utilização da rua como moradia decorre de vários fatores: desemprego, violência, doença mental, ausência de vínculos familiares, dentre outros. Segundo Alexandre Moraes (foto), ele parou na rua por conta de desavenças familiares. Criado pela avó, perdeu a mesma aos 12 anos. A tia o colocou num orfanato. Chegou a concluir o segundo grau, trabalhou, mas com o tempo foi parar nas ruas de Feira de Santana, onde ficou por quatro anos.

 “Quando cheguei à rua, o primeiro momento foi muito difícil, a adaptação. Você tem que lidar com todo tipo de pessoa. A gente também sofre preconceito da sociedade. Só buscando força pra superar. Muitos companheiros estão na cadeia. O abrigo tem sido uma experiência, eu tenho onde dormir de forma tranquila, segura, faço refeições, escuto a palavra de Deus, isso reconforta. Me livra da criminalidade e de escutar miséria”, detalhou Alexandre, que olha carros na rua durante o dia. Perguntado sobre o futuro, ele respondeu: “eu planejo prosperidade, crescimento profissional e espiritual, tem que ter equilíbrio e adquirir bagagem”.

por Laísa Melo