Mais
um carnaval se foi e com ele ficaram impressões diversas. Algumas delas já eram
esperadas, positiva ou negativamente, mas também aconteceram surpresas (boas e
más também). Aqui, eu vou explanar apenas alguns pontos de vista pessoais, de
maneira aleatória, que talvez sejam o de muitos dos leitores que hão de
consumir essas mal traçadas linhas. Então, vamos lá!
Em
relação às estreias, algumas evidências foram constatadas e houveram também
gratas surpresas. A ótima estréia de Saulo Fernandes (agora, apenas Saulo) em
carreira solo, após o lançamento de um álbum que concorre entre os melhores
lançamentos fonográficos da música baiana em 2013, já era mais que esperada
para quem já o acompanha há algum tempo. Carisma, boa técnica, ótima banda de
apoio e excelente repertório não faltaram a ele em momento algum (vídeo abaixo).
O primeiro ano de Felipe Pezzoni à frente da Banda Eva também apresentou saldo
positivo. Tudo bem que no primeiro dia ainda se evidenciou um certo nervosismo
no cara – também não é para menos, carregar o legado de um grupo o qual, entre
formações para o bloco e a banda e para somente a banda já teve à frente: Jota
Morbeck, Marcionílio, Carlinhos Caldas, Luiz Caldas, Daniela Mercury, Ricardo
Chaves, Durval Lelys, Ivete Sangalo, Emanuelle Araújo e Saulo Fernandes não é
fácil. Porém, aos poucos ele foi “se soltando” e esbanjando carisma, boa
técnica e bom repertório, além de ser plasticamente bonito – imagem vende muito
no show bizz, isso é inegável (vídeo abaixo). Ressalto também a estréia solo de
um cara jovem e talentoso chamado João Pípolo, ou apenas Pípolo, uma promessa
de renovação dentro de um sistema ainda engessado chamado axé music, com direito a um momento de participação especial da
minha amiga a cantora Talitha Costa interpretando uma versão de Someone Like You, da diva britânica Adele,
em pegada de samba-reggae.
O
que escrever acerca das despedidas – algumas que, por sinal, já vão bem tarde?
Bell Marques deixa o Chiclete com Banana depois 33 anos no grupo (28 anos a
frente, como vocalista), saída regada a uma série de controvérsias envolvendo
guerras de egos e muita grana. O que se esperar daí em diante? A banda terá a
missão de se renovar musicalmente com a nova formação (incluindo o novo
vocalista Rafa Chaves, ex-Via Circular) e, consequentemente, conquistar novos
fãs, uma vez que a identidade musical do Chiclete com Banana original
continuará com Bell Marques (vídeos abaixo). Alinne Rosa se despediu da Banda
Cheiro de Amor e segue carreira solo a partir de então (vídeo abaixo). Ela é
linda, carismática e talentosa, além de ter muita gente importante a apoiando
nessa nova fase da carreira dela: tem tudo para decolar. Quanto ao Cheiro de
agora em diante: será o “mais do mesmo”. Se a nova vocalista Vina Calmon tiver
competência para fazer o nome dela, construir a identidade dela dentro da banda
e estabelecer uma boa “teia de contatos” e logo a seguir “cair fora”, será um
grande negócio para ela. Quanto a Léo Santanna: sinceramente, não vislumbro um
futuro interessante para ele. O tipo de música que ele faz é “descartável”,
produz hits instantâneos e que facilmente se dispersam (alguém aí lembra do tal
de Rebolation?). Além do mais, ele
não possui talento técnico e seu carisma é tão natural quanto gelatina de
isopor. Quanto ao tal de Parangolé: “ah, deixa para lá!”.
Para
finalizar, algumas evidências gerais merecem ser mencionadas. Daniela Mercury
continua merecendo o título de “a diva” e “rainha” da axé music, sempre levando
inovações para o trio elétrico. Para quem aprecia a música axé enquanto arte –
e não somente como um mero empreendimento – ela ainda se faz uma artista
necessária. Claudia Leitte, a suposta (para não dizer fake) “nêga loira”, continua dando um “tiro fora do alvo” atrás do
outro, demonstrando que ainda falta nela uma identidade artística e,
principalmente, musical. A bola da vez esse ano foi a tentativa frustrada de
“enfiar goela abaixo” à avenida o Rio de Janeiro: definitivamente, trazer
Valesca Popozuda e o seu detestável “beijinho no ombro” e a escola de samba
Mangueira foi a “gota d’água” (vídeo abaixo)! Ivete Sangalo continua a mesma de
sempre: autêntica, desbocada, talentosa e carismática. A mesma velha e
bem-sucedida fórmula: simples assim! Outra jovem revelação da axé music, Mari
Antunes, em seu segundo ano a frente da banda Babado Novo, também esbanjou
simpatia beleza e talento, com direito a indicações para concorrer a cantora
revelação da festa, sendo contemplada, até o fechamento desse texto, com troféu
Dodô & Osmar. (vídeo abaixo).
No mais: esperemos que as impressões acima se cumpram (ou não) e que novas apareçam!
Henrique
Magalhães
Biólogo, professor, poeta, pesquisador e
colecionador de discos de vinil.
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