Lançamento dia 13 de novembro de 2012
Por Marly
Caldas
O
escritor Julio Cortázar certa vez comparou o conto à fotografia. Segundo ele, o
contista, assim como o fotógrafo, sente necessidade de escolher e limitar uma
imagem ou um acontecimento que seja significativo, onde somente o essencial e o
indispensável ganham espaço, através da “eliminação de tudo o que não convirja
essencialmente para o drama”.
Este
recorte da realidade, este breve instantâneo, como num flash da máquina
fotográfica, perpassa a narrativa curta característica da contemporaneidade. O
escritor José de Assis Freitas Filho mergulha neste raso que inunda em seu novo
livro: “O ano que Fidel foi excomungado” (Editora Penalux). São onze narrativas
que desestruturam os limites entre a realidade e a ficção.
Na
orelha do livro, assinada por Lalo Arias, há a clara advertência: “Temos aqui
algumas canções de amor, daquelas que falam de mulheres que nunca existiram, a
não ser na mente dos homens que são personagens deste livro. Algumas dessas
mulheres flutuam, ou deveriam flutuar. Uma outra poderia ter mergulhado na
enchente que passa em frente a sua janela, mas também não temos certeza que
isto aconteceu. As mulheres que o Assis Freitas engendra são etéreas,
fantasmas, mas também nunca vamos ter certeza disso”.
Neste
universo quase crônica da vida urbana, quase poema do imaginário, como assinala
o crítico literário Alfredo Bosi sobre a ficção do nosso tempo, as personagens
do livro de Assis Freitas se movem como duendes, marionetes, seres naufragados
em solidão, títeres de algum demiurgo. Ora aqui, ora ali, há súbitos encontros,
desaparecimentos, um mergulho na condição inexorável do ser escritor. O autor
se utiliza das personagens, ambiente, idéias e emoções criando uma tensão que
organiza os fios de uma história e prende a atenção do leitor.
O
conto que dá título ao livro – O ano que Fidel foi excomungado – é uma sensível e emocionada história sobre a
perda de um pai. O narrador – Assis Freitas invariavelmente utiliza-se da
narração em primeira pessoa – enumera fatos e acontecimentos que se misturam
num mosaico para compor a figura daquele ente tão querido. E a pergunta que
fica no ar: qual mesmo o ano que Fidel foi excomungado?
Em
outra narrativa emblemática – Esta noite quero ouvir todos os blues – o
escritor monta uma espécie de quebra-cabeças para um (im)possível relato de
memórias: “o homem e o seu espelho e a sua estranheza, o não reconhecimento. A
interrogação que jaz, como um quadro que ainda espera assinatura.” Como frisa
Lalo Arias, “se a boa poesia (lembrem-se que o Assis é poeta dos grandes), no
linguajar do boxe, deve ser um direto no queixo do leitor, esses contos são 10
ganchos no fígado. Senhoras e senhores, preparem-se para o nocaute”.
Sociólogo
e mestre em Letras, José de Assis Freitas Filho tem dois outros livros de
contos publicados: O Mapa da Cidade (Mac- 1998) e O Ulisses no supermercado
(Prêmio CDL-2009). O escritor é servidor da Universidade Estadual de Feira de
Santana (Uefs), lotado na Assessoria de Comunicação Social. O lançamento de “O
ano que Fidel foi excomungado”, será realizado no dia 13 de novembro, a partir
das 19h30, no Espaço Cultural Bar Flamboyant, localizado na rua Lázaro Ludovico
91, bairro Brasília em Feira de Santana. O livro também pode ser adquirido no
site da editora: http://www.editorapenalux.com.br.
Fonte:
Ascom/Uefs
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