A doença é o grito do corpo, porque corpo é lugar onde a vida dói. E
quando o corpo grita é preciso peregrinar pela cidade em busca das
fontes de saúde: profana romaria sem santos nem promessas. Promessas só de políticos e em ano de eleição: saúde para todos e
todas. Promessa desmentida por hospitais públicos e particulares, pelas
fisionomias cansadas de tanta espera, pelo atendimento estressante dos
estressados profissionais da saúde. Em sua busca de saúde, Lula e Gianecchini receberam tratamento e
solidariedade dignos. Mas o condomínio em que vivem tem poucas vagas;
nem todo mundo pode ser galã de televisão ou presidente da república.
Para o resto da humanidade resta a peregrinação por filas, rostos, formulários, lugares de poucos sorrisos e de muito gemer. Na hora da doença, conveniados e não conveniados, se tornam
caminhantes de desertos. Desertos de poucos oásis. Mas ainda existem os
oásis: lugares, pessoas e gestos que resistem à desestruturação e teimam
em se tornar reservatórios de vida.
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