O Movimento de Organização Comunitária, MOC, realizou nos
dias 22 e 23 de novembro em Feira de Santana, o Encontro da metodologia do Baú
de Leitura, reunindo: coordenadoras (es), diretoras (es) e pessoas da sociedade
civil em atividades de construção e partilhas de experiências vividas em salas
de aula, espaços culturais, espaços alternativos e oportunidades diversas ao
longo do ano de 2018, nas cidades de: Barrocas, Conceição do Coité, Feira de
Santana, Ichú, Lamarão, Nordestina, Pintadas, Quijingue, Retirolândia e Santa
Luz.
No primeiro momento a técnica do MOC do PECONTE, Ana Paula
Duarte, comandou uma atividade muito interessante chamada “Fake News
Literária”. Nessa dinâmica cada grupo ficou com um autor e recebeu poemas
verdadeiros e falsos atribuídos a ele, o desafio foi avaliar os escritos
separando os verdadeiros dos falsos, considerando critérios como: estilo, linguagem, tempo e contexto dos autores(as):
Caio Fernando Abreu, Clarice Lispector, Fernando Pessoa e Mário Quintana.
Contextualizando com o que é vivido nesse século XXI, o
curioso foi perceber o quanto isso é recorrente na era das redes sociais e
aplicativos de comunicação instantânea, uma vez que, há inúmeras poesias
atribuídas a um determinado autor, mas que o mesmo nunca escreveu. Dentre
tantos autores e apócrifos distribuídos pelas pela internet, Ana Paula,
destacou Caio Fernando Abreu e Clarice Lispector como os mais ‘injustiçados da
rede’, diante da grande quantidade de escritos atribuídos a eles e que eles não
escreveram. “A lógica dessa dinâmica é o
professor perceber a dificuldade que sentiram para diferenciar e se colocar no
lugar de cada estudante, como também levar esta atividade para os espaços de
formação e educação,” destacou Ana Paula.
No momento subsequente formaram-se novos grupos separados
por municípios, para relatarem em tópicos a realidade, a condução e os
resultados do Baú de Leitura nas localidades e seguida expor ao conhecimento
geral. Nessa experiência vale destacar que os municípios que aderiram ao Baú de
Leitura e que tiveram condições de aplicar os critérios propostos demonstram
satisfação com os resultados, e tem relatos positivos do impacto na vida dos
estudantes, das famílias e comunidades. Mas também vale registrar que tem
municípios que estavam presentes, os quais por motivos adversos ainda não
utilizam o Baú de Leitura, mas, mesmo assim tiveram as suas experiências
partilhadas e as estratégias que usam para despertar nos estudantes o
interesse, o gosto e a satisfação pela leitura e pela continuidade dessa
prática, como medida prazerosa, transformadora e emancipadora.
Na atividade final o público contou com a condução das
atividades a cargo da professora Jussara Secondino, que abordou o tema: A
importância da Literatura enquanto conhecimento e as competências que delas
emanam.
Primeiramente a professora propôs a reflexão interrogativa
com a fala: “Na prática de educação nós somos muito montados, caracterizados a
partir da nossa função. E eu queria que a gente começasse a refletir um
pouquinho: Quem somos nós enquanto leitores sem a nossa funcionalidade?” e
completou dizendo: “Do Projeto Baú de Leitura eu tive a chance de me conhecer
profundamente, foi muito bom pra mim. Então o projeto me deu a chance de fazer
essa prática leitora com os outros, mas também conseguiu fazer muito essa
prática leitora comigo.”
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Professora Jussara Secondino |
Em seguida a professora propôs diversas práticas que
estimularam as participantes a utilizarem toda bagagem de leitura acumulada ao
longo do caminho de vida profissional e pessoal. “O que é mais fantástico, como a palavra nos adoece, como a palavra
consegue nos curar. Como a palavra nos aproxima e como a palavra consegue nos
distanciar. Então eu os convido a estar bem receptivos para a importância da
literatura, importância da palavra e dentro da humanidade, como ela tem a
capacidade de superar obstáculos, diminuir preconceitos, de aproximar nações,
de terminar uma guerra, ou de plantar uma… E desejo vocês educadores e nós
todos estarmos capacitados para utilização e a percepção que essa palavra tem,”
enfatizou a professora.
Como dinâmica a professora Jussara fez um Bingo Literário, o
qual também serve como experiência para ser aplicada em sala de aula e em
atividades diversas. “Muito do que
acontece nos espaços de leitura são ditos, ou são interditos e outros não são
ditos. E como perceptores de textos nós vamos aguçando a nossa sensibilidade
para perceber entre espaços e entrelinhas,” alertou. E sobre a leitura finalizou
“Ser leitor livre sempre foi um desafio
histórico, não é por agora, essas falácias que a gente tem ouvido ultimamente
de escola com partido, sem partido, isso não é de agora, é de sempre. Porque a
leitura ela sempre foi desafiadora, a leitura sempre conseguiu ultrapassar
algumas fronteiras, a leitura sempre incomodou algumas pessoas. Porque que a
leitura incomoda? Porque é provocativa, ela permite que a pessoa reflita, ela
permite que as pessoas desenvolvam certo raciocínio... Então a gente tem que tá
atento(a) à história do mundo pra gente perceber que todas as histórias e
revoluções que foram consistentes a leitura estava no meio, por que uma
revolução só com armas com ‘tirinho’ na rua não vai revolucionar nada, vai
fazer um monte de coisas, menos uma revolução. A verdadeira revolução ainda se
encontra com aquele que está com um livro na mão, essa é a grande arma da
gente.”
Por Emerson Azevedo
Fonte: Portal Terra de Lucas
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