Por Bel Pires *
Quem acompanha meu trabalho, sabe que não sou
crítico de música, me deleito pelos saberes da capoeira e das narrativas sobre
história das populações negras. Entretanto, peço licença aos críticos para
tecer aqui uma nota sobre o que presenciei no último domingo: a apresentação de
uma das melhores bandas de reggae da Bahia!
A Banda Reggae Jah People, representa hoje uma
das mais interessantes propostas do reggae na Bahia. Mesmo fora dos holofotes
da grande mídia, tem um público assíduo e canções conhecidas em todos os cantos
da Bahia e fora do estado.
Nascida em Feira de Santana, segunda maior cidade do Estado,
a Banda Jah People já está na estrada a quase duas décadas, inclusive tendo
dividido palco com grandes nomes do reggae internacional, a exemplo de Luck
Dube e Eric Donaldson. Tem um repertório com maioria das canções autorais,
portanto os membros da banda são responsáveis pelas composições e arranjos do
material musical que é oferecido para seus ouvintes.
Como toda banda profissional, Jah People tem
dinamizado sua produção de repertório, óbvio que sempre com canções
características da proposta reggae, a saber: entretenimento, cultura e crítica
social. Foi o que eu e a comunidade do bairro Mangabeira, de Feira de Santana,
pudemos observar no ensaio aberto ocorrido no último domingo.
Três novidades foram apresentadas neste ensaio.
A canção “João Ferreiro”, a qual já foi apresentada outras vezes, mas não com a
estrutura de arranjos musicais que presenciei neste ensaio. Esta canção trata
de uma bela homenagem que o vocalista e compositor Rios Vibration fez ao seu
pai, o qual já não se encontra mais em nosso plano.
Rios, não se limitou a tratar da importância do
nosso pai (isto mesmo, o autor desta nota é irmão de Rios e filho do velho João),
mas discutiu também o dia-a-dia da classe trabalhadora e os desafios de
sobreviver em uma sociedade marcada pela desigualdade. É exatamente a questão
da desigualdade e classe trabalhadora que nos foi apresentada na segunda
novidade. Trata-se da canção “Menina da Feira”, também composta por Rios
Vibration. Ela faz uma interessante denúncia da violência contra os
trabalhadores feirantes, um dos sérios problemas brasileiros e, por
conseguinte, da cidade de Feira de Santana.
Por fim, a Banda apresenta uma encantadora
versão de “Why must i cry” (Porque eu preciso chorar), canção do gigante astro
do reggae, Peter Tosh. Interpretada por Caetano (guitarra), a canção foi uma
grande surpresa para todos que lá estavam e conhecem o reggae, pois sabemos que
Tosh é um dos artistas internacionais menos interpretado no Brasil. Mais uma
vez, Jah People acerta.
Por estas e outras mais, considero a Banda Jah
People uma poderosa voz do reggae baiano, na Cidade de Feira de Santana!
* Bel Pires é capoeirista e historiador. Coordena o Malungo Centro de Capoeira Angola e leciona história no Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia (UNEB/Campus XIII).
* Bel Pires é capoeirista e historiador. Coordena o Malungo Centro de Capoeira Angola e leciona história no Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia (UNEB/Campus XIII).
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