Não há lugar em que eu me sinta em casa
Não há salvação.
A sirene roda alto
e o lá fora é meu tórax cheio de inverno e de vazios
:
minha mãe morta em 86
o maço de contas que me fazem
um número
o avô fugindo na mata
e os porões como almas que choram no caminho
Amei tanto que parei no meio
(o oco é um futuro sem volta
é minha humanidade depositada no meu cão)
Nosotros in USA
seríamos felizes talvez
ignorando o pano de chão no varal há trinta anos
o pó da mala
nossos parentes atravessando a rua do muro
roubando batatas direto da plantação;
e seria só um protesto tímido
a infelicidade que habita o tempo do futuro.
Clarissa Macedo
Publicado em Quatetê
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