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Que música é essa que quero dançar?
A cultura árabe é rica e complexa, e às vezes bailarinas da dança do ventre, mesmo profissionais, têm dificuldades e dúvidas ao se depararem com estilos musicais diferentes.
Quando aprendemos, durante as aulas de dança do ventre, sobre estilos folclóricos, entramos em contato frequentemente com as sonoridades da região do alto do Nilo (ao estudarmos o estilo Saiidi), do Líbano (ao estudarmos o Dabke) e de algumas regiões do Golfo Pérsico (quando estudamos a dança Khaleege) e isso nos traz uma vaga noção sobre as características culturais destas regiões, mas também da imensa variedade de estilos presentes no mundo árabe.
Quando se trata de folclores, poderíamos listar dezenas de variações destes mesmos estilos. O dabke, por exemplo, é dançado em diversos outros países do Levante, como Síria, Palestina e Iraque, e cada região tem suas influências e temperos musicais diferentes.
Ao ouvirmos músicos árabes contemporâneos, estes degradês culturais tornam-se mais evidentes. O sírio Omar Souleyman, por exemplo, reconhece que sua música tem influência dos curdos, assírios, árabes e turcos. Cantoras lendárias libanesas como Fairouz e Majida el Roumy sempre assimilaram elementos e estruturas da música erudita ocidental. Os chebs, que são os cantores de Raï (um estilo musical popular da Argélia) fusionam elementos andaluzes, beduínos, judaicos, franceses e espanhóis, além de acrescentarem mixagens eletrônicas.
Músicos famosos de diferentes países também têm formações religiosas diferentes. É sabido por exemplo que os irmãos Rahbani foram educados na igreja greco-ortodoxa (no Líbano a população é composta quase que igualitariamente por cristãos e muçulmanos), e que os egípcios Om Kalthoum e Abdel Halim Hafez tiveram contato íntimo com as rezas cantadas do Corão desde seus primeiros anos de vida, o que também traz outro tipo de influência musical.
Para um ouvido árabe, estas diferenças são mais evidentes, já que se está mergulhado neste universo multicultural e já que as culturas árabes são mais herméticas que as ocidentais. Os canais de TV raramente exibem músicas que não sejam árabes (de diversos países), e programas como The Voice e Arabs Have Talent são compartilhados entre todos os países árabes. No ocidente, contudo, devemos ter muito cuidado ao classificar músicas por região baseando-nos apenas em instrumentos musicais ou em ritmos, que são compartilhados por muitos países e povos diferentes. Algo que soa parecido para um ocidental pode soar completamente diferente para um árabe.
Para realizarmos um show rico em conteúdo e em harmonia com a música, o figurino e a proposta de representação do povo que estamos buscando homenagear no palco, é necessário conhecer todos estes elementos e mergulhar a fundo na história, cultura e musicalidade destas pessoas. Para isso, nada melhor que fazer aulas com professores que já tenham uma pesquisa aprofundada no tema ou contratar um serviço de consultoria especializado!
Conte comigo para auxiliar na escolha de músicas, figurinos e no desenvolvimento do trabalho conceitual e coreográfico. Ofereço consultoria nesta área através do BellyLab, meu projeto de assistência tecnológica e consultoria para profissionais da dança do ventre.
Autora - Rebeca Bayeh
Física e bailarina profissional de Dança do Ventre, é autora do blog Almanack, sobre arte e cultura árabes e idealizadora do projeto BellyLab de assistência tecnológica e consultoria para profissionais da dança do ventre. Para conhecer melhor acesse www.bellylab.com.br
Fonte: Central Dança do Ventre
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