Torrenciais que somos, 
consumimo-nos feito labaredas. 
Captamos a essência 

como quem sorve a imagem desejada
pela fresta de uma porta.

Torrenciais que somos, 
a entrega foi ímpar 
sem hesitar, sem amarras, 
sem hora, sem lugar. 
Desmedidos, sucumbimos a essa vontade cega, 
sem medirmos consequências, 
sem ponderar, sem reservas
para gastar depois...

Torrenciais que somos, 
quando demos por nós, 
estávamos nus, abraçados, 
reflestelados e saciados. 
Nesse momento, 
a gula em devorarmos um ao outro
fora nosso pecado capital.

Torrenciais que somos, 
o crepitar se consumiu, 
demonstrando (ainda que não acreditássemos) 
o poder do elemento 
 que rege os nossos signos. 
Hoje, meros desconhecidos, 
do nosso Carnaval, 
restaram-se as cinzas.