A corda esticada.
Fios de corpos com mãos entrelaçadas são a corda.
Uma corda humana em (des)humanização.
Corda de corpos expostas na rua.
Corpos que separam outros corpos.
Um jogo rítmico está em cena,
uma cena dantesca se faz na avenida:
nas margens, carne negra, corpo empobrecido;
no centro, carne branca, corpo enriquecido.
No açougue, capitães do mato
cortam a carne negra,
costuram a corda a força,
produzem a separação.
O cortejo dantesco,
supera o outro cortejo: o dionisíaco.
na luta dos corpos
o chicote estala de um lado: do negro pobre lascado,
é um assovio doído, danado.
Nomeiam ainda o folião-pipoca.
Pode ser,
daquele tipo que morre milho e nasce, explode:
pipoca-transformação!
O corpo exposto, não-morto,
corpo de fora, corpo do entre, corpo das margens,
que unidos no espírito de Dionísio se espalha,
aprofunda suas veias, cortando-as...
fazendo acontecer o sangramento na avenida,
seja no cimento ou na areia.
Esses grãos misturados
a suor, lágrimas e sangue
faz a esperança brotar e a transformação jorrar.
Corpos das margens, avancem! Unam-se aos corpos da separação!
Todos são a revolução!
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