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Foto: Igreja do Rosario dos Pretos - Mercado da Santa Barbara |Foto: Jefferson Vieira |
O bem cultural imaterial – como manifestações e festas populares – é sempre dinâmico. As modificações acontecem, mas é necessário preservar as suas características originais já que algumas dessas manifestações são registradas oficialmente como Patrimônio Imaterial da Bahia. Por isso, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) retoma, neste mês de setembro (2016), o processo de monitoramento da Festa de Santa Bárbara, registrada desde 2008 via IPAC como Bem Imaterial. Equipe multidisciplinar do IPAC, formada por antropólogos, historiadores e fotógrafos, iniciará entrevistas com personagens e instituições que fazem a festa que remonta ao ano de 1641, acontece anualmente a 4 de dezembro e completa em 2016, 375 anos de existência em Salvador.
LEGISLAÇÃO – “Já elaboramos o primeiro relatório a partir do que coletamos ano passado, faremos as entrevistas e ainda vamos registrar a festa deste ano (2016) para comparar com a do ano passado; a previsão é finalizar o processo no início de janeiro”, comenta a gerente de Patrimônio Imaterial (Geima) do IPAC, Nívea Alves.
Mesmo com a tendência atual de adeptos do candomblé de cultuar apenas os orixás, na festa ainda é possível comprovar o sincretismo do orixá Iansã com a santa católica Bárbara. Os fiéis celebram ambas com fé, música, capoeira, caruru e samba de roda. Ela é padroeira dos bombeiros e dos mercados. “A Festa de Santa Bárbara é uma comemoração cultural e social, extrapolando o cenário nacional; o monitoramento do IPAC é de grande valia, pois nos ajuda a preservá-la para as próximas gerações”.
375 ANOS – A festividade começou em 1641 no Morgado de Santa Bárbara, no Comércio, devido à promessa feita pelo casal Francisco Pereira e Andressa de Araújo. Depois que um incêndio destruiu o Morgado, a imagem da santa, foi para a Igreja do Corpo Santo e, finalmente, para a do Rosário dos Pretos. A devoção atrai milhares de pessoas de vários lugares do Brasil e do mundo. “Desde meados do século XX o Rosário passou a organizar o evento, assim, os verdadeiros ‘donos’ da festa são a irmandade e o povo devoto; o governo estadual só apoia”, ressalta a diretora do CCPI, Arany Santana.
No ano passado, o IPAC fez reparação predial e pintura na Igreja do Rosário e pintura no mercado. Na igreja, a irmandade ofereceu material e o IPAC equipe técnica. Já a montagem de palco, produção, camisetas e caruru foram apoiados pela CCPI. “Os apoios da SecultBA, IPAC e CCPI são fundamentais para que a festa permaneça”, comenta Arany. O livro do IPAC sobre a festa pode ser acessado no site www.ipac.ba.gov.br, via link ‘Publicações para download’ (lado esquerdo primeira página) e no link ‘Cadernos do IPAC’. Informações: (71) 3117-7498. Acesse: facebook ‘Ipacba Patrimônio’, twitter ‘@ipac_ba’ e instagram ‘@ipac.patrimonio.
HISTÓRIA – A Festa de Santa Bárbara remonta ao ano de 1639, quando o casal Francisco Pereira e Andressa Araújo construiu capela devocional no comércio às margens da Baía de Todos os Santos, em Salvador. Logo depois, a população começa a participar da devoção, criando uma procissão em 1641. Desde então a festividade, transferida para o Pelourinho, tornou-se não somente fonte de fé para católicos como também para adeptos da religiosidade de matrizes africanas, que chegam de diversos estados brasileiros e até de fora do Brasil para participar da festa e procissão em Salvador. A programação inclui tríduo de celebrações eucarísticas e termina na Igreja do Rosário dos Pretos. A igreja e seus bens móveis, como as imagens dos santos, pinturas do teto e azulejos foram restaurados pelo IPAC ao custo de R$ 2,6 milhões em 2012. Autarquia da SecultBA, o IPAC recebeu recursos do Tesouro Estadual e do programa federal Prodetur, financiamento do Banco Interamericano, via Ministério do Turismo e Secretaria do Turismo, e investimento do Banco do Nordeste. A exposição permanente que existe no corredor lateral da Igreja do Rosário dos Pretos também aconteceu graças ao Edital de Museus do IPAC. A mostra é uma homenagem à Irmandade e à Venerável Ordem Terceira do Rosário às Portas do Carmo, nome da entidade, fundada por descendentes de escravos e ex-escravos que construíram o templo. Composta por 52 fotos coloridas e em preto e branco de autoria de Aristides Alves, Rugendas e Carlos Julião, e textos especialmente escritos e dimensionados em painéis portáteis, a exposição tem ainda imagens do acervo da irmandade e da Fundação Pierre Verger.
Assessoria de Comunicação – IPAC
Jornalista responsável Geraldo Moniz (DRT-BA nº 1498)
Coordenação de Jornalismo e Edição: Marco Cerqueira (DRT-BA nº1851)
Texto-base: Milena Hildete (estagiária de jornalismo)
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