Já soprou meia noite no sertão, um piado de coruja
vigilante, com seu jeito, modo e gesto confiante, na escuridão dum dia
proveitoso, e assim por ter seu jeito manhoso, desfilavam o seu voo rumo ao
Léo, ou quem sabe pras bandas do beleléu, carregando na plumagem um aviso, de
dizer que se fosse mais preciso, gritaria forte até chegar ao céu.
Era assim noite de breu dependurada, numa cauda da sinistra
solidão, e o vento que soprava pensamentos, desnudava um apito de canção, e por
entre os filetes do negrume recaia uma brisa orvalhada, a visão que se tinha
bem quase nada, recontava a historia no momento, e assim sendo terra ou
firmamento, era noite no correr daquela estrada.
Meu Bethoven para mim é Vidal França, é Gereba afinando o
violão, é Bule bule no batuque afinado, é a concertina do nosso rei do baião, é
Teixeirinha dando versos tão dobrados, e Dominguinhos com seus passos
acertados, dividindo com Sivuca seus traçados, e convidando Osvaldinho nesse
torrão, são as cordas mais bonitas que amarram as maravilhas deste tão belo
sertão.
Já tirei o meu diploma de matuto, recontando a história
verdadeira, na mesma noite dessas linhas a primeira, que escrevi rebuscando
inspiração, sou do ato ou da terra meu patrão, dizedor de veros tortos em
beleza, sou da paz essa luz de chama acesa, que clareia meu viver numa jornada,
sou a curva mais reta desta estrada, sou sertanejo Brasileiro com certeza.
Carlos Silva.


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